Meu quintal é meu mundo, e quase todas as vezes que saio de casa para trabalhar nele, acho metáforas pelo caminho.
Pode ser um passarinho falando-me no silêncio acerca da confiança incondicional na Divina Providência, ou uma fruta que ao se abrir em sua dadidade, sopre-me os segredos da paz.
Até a alamanda parece saber alguma coisa que insiste em me revelar. Desta sorte foi a grama alta que me manifestou ensinamentos…
Após a chuva, sempre arranjo algum tempinho para cortar o capim, que se levanta num piscar de olhos por todo o quintal.
Entretanto, o serviço é praticado de forma inusual.
Enquanto a maioria dos trabalhadores da terra costuma utilizar a enxada, prefiro arrancar com as próprias mãos, com raiz e tudo, as gramíneas.
A terra umedecida pela chuva facilita a tarefa.
Então, pensei comigo mesmo, no comenos em que executava a obra, que talvez as angústias, dores, padecimentos, dissabores e tribulações da vida sejam como as águas da chuva em relação à terra de nós próprios, amolecendo as raízes de egoísmo, de orgulho, de soberba e de intolerância presas em nossas almas, a fim de que as arranquemos do poço fundo de nós mesmos.
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